Nota de repúdio do DACO às prisões arbitrárias e à violência da PMERJ ocorridas no Rio de Janeiro em 12 e 13/07
O Diretório Acadêmico de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (DACO-UFF) vem repudiar veementemente a violência praticada pela polícia militar contra manifestantes, jornalistas e comunicadores no dia 13 de julho de 2014, e a prisão arbitrária dos chamados “Presos da Copa” ocorridas no dia anterior, por ocasião dos atos no final da Copa do Mundo.
Enquanto estudantes de Comunicação Social, entendemos que a liberdade de expressão é um direito de qualquer cidadão, mas, além disso, é também um dever da democracia. O papel da mídia é fundamental no sentido de transmitir fatos e informações a toda sociedade, a partir das diferentes visões e ideologias. No entanto, no atual modelo que temos hoje, apenas uma voz é ouvida, enquanto todas as outras são silenciadas. Lembramos ainda que a Constituição Federal garante livre pensamento e manifestação e, portanto, nenhum indivíduo pode ser alvo de repressão por dizer o que pensa.
É importante lembrar que diversos estudantes de Comunicação Social da UFF estiveram e ainda se encontram presentes nas manifestações. Durante uma das “Jornadas de Junho”, tivemos um dos nossos alunos preso apenas por portar uma câmera fotográfica. Sentimos na pele o poder da repressão policial, que cala os manifestantes e a imprensa e, também por isso, somos solidários a todos os presos políticos da Copa.
Nos protestos violentos, a imprensa se reafirma enquanto “olhos do povo”, mostrando a realidade principalmente através de imagens, que chocam e revoltam a população. Uma vez silenciada, os abusos da Polícia Militar ocorrem com maior frequência e segurança, certos de que não haverá punição. A perseguição aos jornalistas se faz presente para esconder tais abusos, por isso vemos ativistas e comunicadores tendo seus cartões de memória, câmeras fotográficas e filmadoras roubadas, confiscadas ou destruídas. Chamamos atenção para os inúmeros casos de abuso de poder praticados por esta organização, que agride jornalistas (como Giuliana Vallone, repórter da folha; Sérgio Andrade da Silva, repórter fotográfico que ficou cego; e mais recentemente, o jornalista canadense que, após ser agredido, teve sua câmera roubada) , persegue, prende, agride e ameaça movimentos sociais e assedia manifestantes do sexo feminino.
Acreditamos que a Polícia Militar é um aparelho repressor do Estado, que busca calar a voz dos insatisfeitos e colaborar para a construção de imagem que criminaliza os movimentos sociais e justifica a forte repressão policial. Lembramos que esta organização assassina, diariamente, pessoas inocentes nas favelas cariocas. Não esqueceremos de Amarildo, DG, Cláudia e tantos outros.
Enquanto manifestantes, gritamos nas ruas, nos defendemos e nos apoiamos; enquanto estudantes, discutimos e refletimos; enquanto comunicadores, reportamos os fatos com veracidade. Repudiamos, portanto, toda e qualquer violência e prisão arbitrária que vise silenciar quem quer que seja. Estamos na luta por liberdade de imprensa, expressão e manifestação. E não nos calaremos.
PELA LIBERDADE IMEDIATA DE TODOS OS PRESOS POLÍTICOS!